segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Istikal Caddesi



"Caddesi",em turco, quer dizer simplesmente "avenida".
E a avenida Istikal, no centro de Istambul é simplesmente incrível. Primeiro porque não passa carros, é inteiramente dedicada aos pedestres. Desse modo, pode-se flanar observando as vitrines dos dois lados da rua sem medo algum.


São diversas lojas de roupas,de intrumentos musicais,de luminárias,livrarias, cafés, restaurantes, joalherias...Nas ruas transversais, inúmeros pequenos restaurantes e galerias que parecem saídas de algum filme de época.







E finalmente,o charme de um bondinho antigo, que passa bem no meio da calcada levando de volta à Praca Taksin todos aqueles que foram andando até a Torre de Gálata, que se encontra bem ali, no final do passeio.

A torre de Gálata



O sol já estava se pondo quando eu e mamãe decidimos subir a Torre Gálata para ver lá de cima a linda cidade de Istambul anoitecendo. Foi o que fizemos e valeu muito a pena ter enfrentado a fila que se formou à porta, com bravura.
Visível em toda a cidade, devido aos seus 61 metros de altura, a torre foi construída no ano de 1348-49, pelos genoveses e fazia parte das muralhas que defendiam a região outrora conquistada dos bizantinos.
Durante o período otomano, a torre foi utilizada com diversos fins, desde armazém, prisão e finalmente farol e observatório para prevenir incêndios na cidade.
Durante o século XVII,foi palco de uma experiência surpreendente: um cientista/ inventor chamado Hazerfen Ahmet Celebi entrou para a história como o maluco que saltou da torre, voando até o outro lado do Estreito de Bósforo, com umas asas-engenhocas que inventara.
Em 1967 ficou pronta a restauracão que lhe acrescentou uma varanda circular, permitindo a visão da cidade em 360 graus.
A vista, de tirar o fôlego, divido com vocês:


domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Coluna Serpentina



Datada do ano de 479 a.C, a Coluna Serpentina foi trazida do Templo de Apolo em Delfos, na Grécia para Istambul (Constantinopla) no ano de 326. Colocada no antigo hipódromo, esta coluna simboliza a vitória dos estados gregos contra os persas em Palatéia. Sua altura original era de 6,5metros e agora mede apenas 5 metros.
Consistia em duas enormes serpentes entrelacadas, cujas cabecas sustentavam um prato de ouro, formando um troféu monumental. Antes de vir para Istambul, o troféu foi perdido e as cabecas partidas com pedradas, durante o periodo otomano.
Hoje as duas cabecas podem ser vistas no Museu Arqueologico de Istambul e a outra no Museu Britânico em Londres.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A cidade de Éfeso

Fundada por volta de 300 a.C, Éfeso foi fundada por Lysimakhos, um dos generais de Alexandre, O Grande. Como sabemos, não deixou herdeiros, e seu vasto império foi dividido entre seus generais. A cidade viveu seus momentos áureos durante o período helenístico romano e chegou a ter 200.000 habitantes. Foi a capital da província romana na Ásia e possuía o maior porto de sua época.



As ruínas de Éfeso estão relativamente bem preservadas, em comparação a outras que vi na Turquia. Tem-se uma boa idéia do que foi a civilização romana a partir de suas construções.


Pelo portão principal, temos acesso a uma rua em que a direita e a esquerda avistam-se ruínas daquilo que servia a vida política da cidade. E também mercados, lojas e pórticos menores. Descendo, damos em uma praça com uma fonte, que parece ser o centro da cidade.



 Monumentos, ruínas de um hospital, e continuamos descendo. Com um pouco de imaginação, estamos no centro do império romano, em uma rua toda de mármore, ladeada por estatuas de pessoas que foram dignas de serem imortalizadas, dos dois lados da rua. E também dois pequenos fios de água, correm a direita e a esquerda, para refrescar a cidade no verão. A rua é coberta por um teto em mármore, sustentado por colunas jônicas. Até chegarmos a um muro com algumas passagens mais estreitas. Dali em diante, não podem passar as carroças pois trata-se de uma rua de pedestres.

As colinas dos dois lados da cidade estão repletas de construções magníficas, além dos casebres da população mais pobre. Magnificas mansões são destinadas aos senadores. Um hammam logo a direita serve de ponto de encontro, todas as tardes, onde as pessoas podem ir refrescar-se no verão ou aquecer-se no inverno. Suas termas são abastecidas por águas quente e fria em três salões denominados de caldarium, tepidarium e frigidarium, em um engenhoso sistema de coleta e distribuição de águas. Templos dedicados as guerreiras amazonas também estão presentes. Éfeso,aliás, foi batizada em homenagem a uma delas.

O mais curioso dos edifícios, no entanto, é aquele dedicado ao banheiro público. Em um prédio muito bonito, as latrinas são colocadas lado a lado, à guisa de escavações em uma enorme prancha de mármore que ladeiam todas as paredes do quarto, em que os dejetos são lançados a muitos metros de profundidade.




No centro do salão, há uma área quadrangular descoberta, que coleta a água da chuva sob um sistema de ralos que deságuam em caixas d água. Ali no centro estaria um bem cuidado jardim, em que em alguns dias, alguns músicos contratados, podiam tocar para a distração dos homens que usavam a latrina, enquanto conversavam. Sim, as latrinas publicas também eram um ponto de encontro do cidadão romano.

Mas seguindo pelas ruas muito brancas, já que Efeso era um dos centros produtores e exportadores de mármore, nos deparamos com a imensa biblioteca de Celso.





A construção é ainda mais impressionante. Descendo para a praça onde ela esta localizada, temos a dimensão de sua beleza, de sua arquitetura em capitéis jônicos e coríntios, de suas estatuas dedicadas às virtudes.




Seguindo à direita, temos duas passagens em arco para os mercados públicos e por esse caminho tanto pode-se sair da cidade, quanto pode-se chegar ao anfiteatro público.




Os romanos sabiam como viver! Ao longe, avistamos o farol, onde o apóstolo Paulo ficou preso, após uma discussão com os seguidores do templo da deusa Artemísia.



O templo de Artemisia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, já não existe mais. Infelizmente, apenas uma coluna ficou de pé.

Estar presente em Efeso, cidade onde andaram apóstolos, sábios, hereges, santos, pessoas comuns da época em que Cristo acabara de desencarnar é um privilégio.

Eu não vi ruínas. O que vi foi o que descrevi, uma cidade esplendida e maravilhosa, que ao longe reluzia devido a quantidade de mármore. Repleta de arte, monumentos e fontes por todos os lados, limpa, florida e encantadora.
Enlouqueci?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Casa da Virgem

Após a morte de Jesus, seu discípulo João recebeu a incumbência de cuidar de sua mãe. Os Evangelhos nada dizem a respeito de seu paradeiro, e muitas histórias surgiram a respeito. Desde José de Arimatéia, rico comerciante e amigo próximo da família, a teria levado para a Franca, até relatos que Maria teria ido com João para a Ásia, onde ele a escondeu nas colinas de Éfeso, sossegada e próxima à cidade, onde ela teria vivido seus últimos dias a salvo das peregrinações e perseguições.


Nessa minha viagem à Turquia, tive a oportunidade de visitar as bonitas colinas de Éfeso, e em especial, a  colina onde estaria a casa de Nossa Senhora e garanto que foi uma experiência muito diferente.



Embora a casinha não seja exatamente a original e sim uma reconstrução, o local é muito bonito e eu acredito sinceramente que possa ter sido o local onde Maria passou os últimos dias de sua vida.



Algumas pessoas se emocionam ao entrar na casa, e eu confesso que também aconteceu comigo, de chorar disfarcadamente, em imaginar tudo o que passou Maria. Depois que temos nossos próprios filhos é que compreendemos a dimensão do amor materno, antes impossível. Ver a carne de seu filho crucificada e dilacerada, exposta e finalmente morta, deve ter sido terrivel. Depois, ter de se esconder, fugir. Se foi entregue aos cuidados de João é porque certamente não tinha mais ninguém por ela. Pensei em em Maria como em uma pessoa da família, já velha e doente e muito, muito sozinha.

A casa que se pretende reconstituída como a original, tinha três pequenos cômodos. Uma entrada, uma saleta com um altar e finalmente um quartinho com a porta dos fundos. Talvez o quarto de dormir.

Ainda que todos os relatos e visões não passem de um equívoco bem intencionado, posso assegurar, o local tem uma energia muito diferente e especial. Emociona, mas também conforta. É um local de preces e passa aos visitantes muita esperança. Um mural dos desejos esta próxima a fonte. Lá amarramos nossos pedidos, junto a muitos outros, já desbotados pela chuva.



Na volta nos deparamos com o lado comercial que hoje está presente em todos os lugares, desde o Vaticano, até a Casa de Lucia, que também conheci há alguns anos. Comprei um terço de prata e uns vidrinhos decorados que enchi com a água do poço, para distribuir na crisma das crianças lá de casa.

Não sei se me farei entender se digo que alguma coisa em mim voltou de lá modificada. Na verdade, uma imensa saudade de quem já fui um dia, muito mais perto das coisas de Deus.
Lembrei-me de uma música que era parte de meu cotidiano, até alguns anos atrás, nem sei dizer quando, e fui aos poucos me afastando da prática católica: a belíssima Consagracão à Nossa Senhora.


"Oh, Minha Senhora e também minha mãe
Eu me ofereço, inteiramente, todo a vós.
E em prova da minha devoção, eu hoje vos dou meu coração.

Consagro a vós meus olhos, meus ouvidos, minha boca
Tudo o que sou, desejo que a vós pertença
Incomparável mãe, guardai-me e defendei-me,
Como filho e propriedade vossa, Amém.

Como filho e propriedade vossa, Amém.
Oh, Minha Senhora e também minha mãe
Eu me ofereço, inteiramente, todo a vós.
E em prova da minha devoção, eu hoje vos dou meu coração.

Consagro a vós meus olhos, meus ouvidos, minha boca
Tudo o que sou, desejo que a vós pertença
Incomparável mãe, guardai-me e defendei-me
Como coisa e propriedade vossa, Amém."

As visões de Anna Catarina

No ano de 2004, o papa João Paulo II beatificou a monja Anna Catarina Emmerich, freira da Ordem das Agostinas de Dulmen. Tinha visões que segundo ela, lhes eram reveladas por um anjo. Há relatos de que era muito atenta aos sofrimentos e males alheios, embora padecesse de dores físicas, que associava às da Paixão.


No final de sua vida, muito enferma, já não podia locomover-se e com a ajuda do escritor e poeta Clemente Brentano, transcreveu suas visões ditadas em dialeto vestfálico para o alemão corrente.

Nessa época, em seu leito, conta que a Virgem Maria lhe indica o local de seus últimos dias de vida e pede que procurem a sua casa. Descreve as colinas, as árvores, um poço, e o exato local onde se encontrava a casa de pedras. Para a surpresa de todos, as descrições minuciosas fizeram-se presentes no local relatado.

No ano de 1833 publicou-se o livro A dolorosa paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e em 1852, A Vida da Santíssima Virgem Maria. O primeiro inspirou Mel Gibson na produção do filme A Paixão de Cristo. Suas visões eram ricas em detalhes descritivos, o que as tornavam leituras muito interessantes.

A casa da Virgem Maria tornou-se um local de peregrinação de católicos e muçulmanos, e mereceu a visita do Papa João Paulo II, que a considerou o local um Santuário.

Pescadores de homens

Segundo Marcos (MC 15. 40), João era irmão de Tiago, filho de Zebedeu. Era comum em sua época, como aliás em nossos dias, em algumas cidades do interior do Brasil, ainda referir-se a uma pessoa citando seu nome de família, para certificar-se acerca daquela identidade.

Alguns eruditos especulam que a mãe de João era Irmã da mãe de Jesus, de acordo com o que sugere o Evangelho de João (Jo 19.25), de forma que os dois seriam primos.

Também no Evangelho (LC 5.11) vemos a passagem em que encontrando Simão (futuro Pedro) e os dois irmãos consertando suas redes junto ao mar da Galiléia , após uma noite de pescaria improdutiva, Jesus lhes pede que voltem ao barco e dirijam-se a um certo local, onde os peixes seriam abundantes. Assim fazem os pescadores e voltam com as redes quase arrebentando de tantos peixes e de tão pesadas, quase afundam o barco.

Simão, o pescador e os dois irmãos que acompanhavam a cena, ficam muito admirados. Então, Jesus diz a Simão algo mais ou menos assim:

-Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.

Eles arrastam os barcos para a praia, deixam tudo para trás e seguem Jesus. Aqui comeca a história de São João, de quem me tornei  admiradora, após ter seguido alguns de seus passos, na Turquia.
E como acredito que para se ter um melhor entendimento da história deve-se recorrer às fontes antigas, de preferencia primárias, creio que a Bíblia seja uma excelente leitura. Portanto, depois de tantos anos, retornei ao Novo Testamento. Agora sim, estou amando.

O Discípulo Amado

No Evangelho de João aparece por diversas vezes a figura do discípulo amado. É esse discípulo que durante a Santa Ceia pergunta a Jesus quem dentre eles é o traidor. Também é o discípulo amado quem está ao pé da cruz, ao lado de sua mãe, em um ato de grande coragem em mostrar-se aos romanos, enquanto todos os outros apóstolos escondem-se para salvar suas vidas.


No momento da crucificação, ao discípulo amado Jesus recomenda sua mãe, já que aqueles tempos eram difíceis para uma mulher sozinha:

“Voltando-se o Senhor, viu o discípulo a quem amava e lhe disse, a respeito de Maria: Eis aí a tua Mãe, e então à Mãe: Eis aí teu filho.” (Jo 19,26)

Também é o discípulo amado aquele que primeiro chega ao túmulo de Jesus. No entanto, é Pedro, aquele que entra em primeiro lugar no Santo Sepulcro e descobre que o mesmo está vazio.

Uma vez que tal discípulo só aparece nos evangelhos de João, acredita-se que seja uma auto-referência, o que a maioria dos teólogos parece concordar. Os evangelhos apócrifos, no entanto, dizem tratar-se de Maria Madalena, outros dizem tratar-se de Lázaro, o ressuscitado.

Nas pinturas, o discípulo amado é a sempre quele que divide com Jesus o prato, conforme vemos na Santa Ceia de Leonardo Da Vinci.




Este texto é um preâmbulo introdutório ao seguinte...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Mesquita Azul


Construída entre 1609 e 1616, representou o desejo do Sultao Ahmed em rivalizar com a grandiosa Haegia Sophia. Para tal, fez localizar sua mesquita exatamente em frente a outra, separadas apenas por uma praça ajardinada, em um local onde outrora existia um palácio bizantino, no bairro histórico de Sulthanahmet em Instambul.

Obra do arquiteto SInan, que buscou uma forma de proteger o interior da mesma das sombras das paredes da própria mesquita.

Por duas portas se entravam nos jardins da Mesquita, e e uma delas era reservada apenas ao imperador e sua familia. Caso alguém entrasse pela porta errada, pagaria por seu engano com o peso de sua cabeça.

No pátio interno, uma bonita fonte, onde de acordo com a religião muçulmana, os fiéis devem se lavar antes das orações, que são realizadas cinco vezes ao dia. Mas esta era reservada aos nobres:




Também haviam locais específicos para que o povo se lavasse. Eu fotografei num dia de muito frio, e fiquei imaginando as pessoas nesse sacrifício gelado, realmente não é nada fácil conseguir entrar no Reino dos Céus...





Inteiramente revestida de azulejos azuis e decorados vitrais no mesmo tom, a Mesquita é um verdadeiro deslumbre aos olhos dos atuais visitantes, que dividem seu espaço com os muçulmanos em oração, ajoelhados sobre um piso inteiramente recoberto por um imenso tapete persa , muito macio.

Olha aí meu pé pisando esse maravilhoso tapete:






Por não permitir imagens de santos, possui murais com os diversos nomes de Alá e a representação de uma imagem do Paraíso no andar superior.



Ahmed foi duramente criticado por construir tal monumento em um período em que o sultanato já não contava com os recursos financeiros de outrora e ainda mais pela arrogância de seus minaretes, talvez pretendendo rivalizar com a cidade sagrada de Meca.

Adorei essa Mesquita, e a grandiosidade de seu interior faz com que o homem consiga colocar-se em sua real dimensão perante Deus.


Obs:
Todas as fotos são de minha autoria!

Haghia Sophia


A Basílica de Santa Sofia foi erguida inicialmente por ordem do imperador Constantino,e inaugurada entre os anos de 532 e 537, pelo imperador Justiniano, na cidade de Constantinopla para celebrar o esplendor do império romano do oriente, rendendo graças à sagrada sabedoria. Não é, portanto, dedicada a nenhuma santa.

Diversas vezes reconstruída, a Basílica continua a deslumbrar todas as pessoas que tem a oportunidade de visitá-la. Sede da Igreja romana ortodoxa, por mais de 900 anos foi a maior e mais imponente Igreja da cristandade.

Seus arquitetos foram dois professores de matemática e geometria da Universidade de Constantinopla, Isidoro de Mileto e Antemio de Tralles. De proporções monumentais, com abóbada central de mais de 30 metros de diâmetro, só perdia em grandiosidade para o Pantheon romano.




Seu interior inteiramente decorado com mosaicos dourados e diversas esculturas de imensurável valor artístico, tornou-se a mais imponente construção católica de seu tempo e o maior representante da arte bizantina.

Após a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, Hagia Sophia foi convertida em uma mesquita, sob Mehmed II em 1453, para demonstrar o triunfo otomano sobre a cidade cristã. De tão bela e grandiosa,acabou por servir de modelo para inúmeras mesquitas na cidade, até ser convertida em museu no ano de 1935 por Atartuk.

O pouco que restou de seus mosaicos bizantinos, nos dá a idéia de seu esplendor romano. Como a religião muçulmana proíbe a veneração de imagens, os turcos ergueram painéis encobrindo as mesmas. Evitaram destruir os mosaicos da virgem e do menino, pois Jesus e Maria são respeitados nessa religião, por tratar-se em seu entendimento, de um importante profeta e sua mãe.



Há cerca de seis meses apenas, os arqueólogos surpreenderam-se com uma descoberta: Por detrás de placas douradas, haviam vestígios de faces pintadas, que quando removidas, revelavam as imagens de uns anjos, no teto.



Compartilho com vocês as imagens e deixo a cada um o julgamento de qual das duas edificações é a mais bonita: a Santa Sofia ou a Mesquita Azul.






Todas as fotos são de minha autoria, apreciem!

Os doces turcos



Estes eu fotografei em uma banca do Bazar Egípcio. Doces de frutas, de flores, de amendoas, de nozes. Recobertos de pistache ou de finissimo acúcar. Todos irresistíveis.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Cemberlitas Hamami




O hamam público de Cemberlitas foi contruido no ano de 1584, em Sulthanamet, bairro histórico de Istambul, durante o sultanato de Murat III. Foi mais uma obra do legendário arquiteto Sinan, que parece ter construído tudo o que existe por aqui.

Depois de um dia cheio de aventuras, com as pernas cansadas de tanto caminhar e o corpo escalavrado a beira da exaustão, nada melhor do que experimentar isso.

O Cemberlitas tem uma área reservada só para mulheres e lá fomos nós! Recebemos uma toalhinha e uma espécie de lençol quadriculado, para nos enrolarmos, além de uma calçola imensa que daria para vestir uma jubarte com decência.

Sem saber nem por onde andar, fomos levadas até uma porta de madeira imensa, que ao abrir-se revelou um interior das mil e uma noites. A arquitetura do tal Sinan era realmente uma coisa de louco, o teto abobadado, com umas estrelas e bolas que deixariam entrar uns feixes de luz solar, se estivéssemos de dia, claro. Logo abaixo, um enorme tablado de mármore completamente aquecido com caldeiras mantidas por escravos gregos e hebreus. Exagerei um pouco apenas para dar a dimensão do que era esse imenso salão de banhos, mistura de sauna e... algo que nunca vi antes na minha vida.

As mulheres de todas as idades deitadas na tal toalhinha xadres, sem a parte de cima do biquíni, numa boa...

Eu e mamãe ficamos um pouco ressabiadas, mas...vamos nessa. Aí uma senhora de idade que só falava turco tentava nos explicar como proceder sem muito sucesso.

Fomos imitando a mulherada e compreendemos o sentido muçulmano de “queimar no mármore do inferno” pois foi o que fizemos lá ,deitadas sobre aquele tablado por uma meia hora.

Fui acordada pela tal senhora que pegou uma luva de bucha e começou a esfregar minhas costas sem nem pedir licença. Parecia que estava nesse oficio há anos e era bastante mandona. Bracos, pernas, pés, costas, tudo foi devidamente esfregado e exfoliado com eficiência.

Em seguida, tratou de nos ensaboar de uma maneira tão estranha que não sei se me farei entender... ela enfiava a toalha numa espécie de balde com espuma, girava e enchia a toalha de ar. Em seguida, espremia a montanha de espuma e esfregava. Depois mandou que nos sentássemos num canto, onde havia uma fonte, em mármore. Ela falou na língua dela, mas entendemos tudo e não ousamos desobedecer. Para nossa surpresa, ela lavou e esfegou nosso couro cabeludo com a ajuda de um balde de água morna e mandou-nos para a jacuzzi.

Havia pelo menos meia dúzia de jovens mulheres lá, naquela piscina imensa, coberta e aquecida. Ninguém parecia ter vergonha de estar sem a parte de cima do biquíni, só nós.

Ficamos um tempo debaixo da cascata e resolvemos que já estava de bom tamanho para irmos embora.

Passamos então para um pátio interno, que era adornado com uma fonte no meio e tinha em volta bancos de madeira para descanso e áreas reservadas para a troca de roupa. Não aceitamos chá, nem café, nem suco e tratamos de nos vestir sem saber o que iríamos fazer para desembaraçar o cabelo.

Foi então que umas mulheres começaram a cantar e a dançar e essa parte foi muito bonita, porque tratava-se de um momento de alegria espontânea, sem nenhum outro intuito que não fosse a diversão entre mulheres. Mesmo sendo proibido fotografar lá dentro, não resisti pois tinha que dividir isso com meus amigos!






Amei essa experiência e recomendo muito, mas deixo aqui a dica, não deixem de levar um pente e um condicionador para sair com uma aparência decente e civilizada.

Yerebatan Saray




Um enorme esforço de engenharia foi realizado para o transporte de água potável através do aqueduto Valens, até a cidade de Constantinopla, transpondo 25 km de florestas e abastecendo cerca de sessenta cisternas subterrâneas.

Considerado como uma verdadeira maravilha de seu tempo, recebia visitantes de várias partes do mundo, para admirar o maior aqueduto que o mundo romano conheceu.

Além disso, construir cisternas para garantir o suprimento de água da cidade no interior das muralhas e estocá-la durante os períodos de guerra em uma época muito violenta, foi uma medida sábia dos dirigentes medievais.

A cisterna de Yerebatan foi construída no ano de 532 e utilizada até o século dezenove. Seu magnífico interior conta com 336 colunas romanas diferentes, alinhadas a cada 4 metros, em 12 linhas de 28 colunas cada. Como o pé direito mede 8 metros e a cisterna tem 10 mil metros quadrados de superfície, significa que sua capacidade total de armazenamento é de 80 mil metros cúbicos de água.

Os capitéis das colunas são jônicos e coríntios e todas as paredes são recobertas de tijolinhos.

Ao adentrar na cisterna, esqueci de tudo o que havia lido no guia. Automaticamente fui envolvida pela atmosfera do local, em que a escuridão vem em primeiro lugar, e os sons de flauta tomam conta de tudo o que resta.

Dramaticamente adornada de luzes indiretas, as pilastras pareciam se multiplicar como se estivessem em uma sala de espelhos. Duas delas exibiam em sua base, esculturas curiosas, cabeças de medusa posicionadas de lado e de cabeça para baixo. Belas, curiosas e estanhas.

As antiquíssimas paredes de pedras e tijolos, resguardavam o eco de nossos passos, neste maravilhoso “palácio submerso”( Traducão de seu nome), em que James Bond protagonizou a famosa cena já relatada neste blog.

Caminhando sobre as passarelas suspensas, observamos pequenos peixes muito claros, quase transparentes, nadando no labirinto de águas. Parece que adentramos em um outro mundo, repleto de sons estranhos e exóticos, algas e peixes fantasmagóricos. Indescritível.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Passagem das Flores



Istambul transpira poesia em cada detalhe. Logo no primeiro final de tarde do dia em que chegamos, eu e mamãe resolvemos explorá-la a pé, partindo dos arredores em que ficamos hospedadas, na região do Taksin, onde está localizada a parte moderna da cidade .

Encantadas com os prédios, iluminados por dentro através dos vidros, em um final de tarde invernal, em que escurece por volta das quatro da tarde, fomos caminhando sem rumo pela famosa Avenida Istikal, repleta de lojinhas, barzinhos e restaurantes, em direcão a Beyoglu.

Até chegarmos próximas de uma galeria, que eu já havia lido relatos em um guia de viagens, chamada de Cicek Passagi, que em português significa Passagem das Flores.

Trata-se de uma galeria repleta de bares e restaurantes, cheia de charme, com mesinhas colocadas do lado de fora e servindo a verdadeira comida turca.

O local, construído em 1876, outrora fora um entreposto de venda de flores, em especial as rosas turcas, que eram comercializadas pelas mulheres da nobreza russa, quando da fuga da aristocracia na Revolução Russa.

Reconstruída após um incêndio, a Passagem das Flores não costuma ser um destino turístico muito comum. Na verdade, lembrou-me um pouco das passagens parisienses, que costumavam funcionar como verdadeiros shoppings centers numa época em que isso não existia.

A entrada quase passa desapercebida, uma porta simples, como inúmeras outras na mesma rua, mas ao primeiro lance do olhar, uma súbita revelação de que um imenso corredor, com mesas dispostas lado a lado, de restaurantes diversos, cujas mesas são enfeitadas por flores ou velas, nos conduz a um esconderijo secreto.

Como fazia frio, escolhemos uma das mesas debaixo do aquecedor e lá ficamos por horas, eu e minha mãe, que é minha mais fiel companheira de viagem. Tomamos raki para aquecer e escolhemos alguns dos pratinhos que nos eram oferecidos em uma imensa bandeja. As mezes, como são chamadas, são pequenas porções de charutinhos de folha de uva, peixes fritos, frutos do mar, saladinhas diversas, legumes, entre outras opções. Desta forma, ficou muito fácil a comunicação entre nós e o senhor turco que nos atendia.

Uma experiência maravilhosa, recomendo muito, a todos que tiverem a oportunidade de vir a Istambul que conheçam este local.

Consideracões sobre Istambul

- Não é possível visitar um local como este sem se perguntar:


O que foi que houve aqui?

Como é possível haver um local em que Mesquitas e Catedrais convivam frente a frente, sem se perguntar quando e como e quem.

Observar becos e ruelas em que o tempo parou, resquícios de uma antiguidade que não passou, ao lado dos mais modernos e sofisticados edifícios construídos em aço e vidro.

Ouvir o chamado dos muezins, nos fonoclamas das mesquitas, convidando o povo às orações numa musica em que a letra é incompreensível aos nossos ouvidos, lembrando aos turistas que são turistas, enquanto que eles são o que sempre foram.

Judeus, cristãos e muçulmanos convivendo pacificamente num pedaço do mundo em que o sangue foi abundante, em sangrentos campos de batalha.

Em um esforço silencioso, ouvimos ainda os lamentos de medo, do interior das muralhas sitiadas.

Ouvimos os gritos de mouros e cruzados.

De imperadores destronados, aguardando a morte,

de quinze mil soldados com seus olhos vazados,

das crianças escravas, distantes de seus países de origem,

de uma civilização que teve inicio, meio e fim, como poucas.



Marcia Taube