sábado, 30 de abril de 2011

A Campanha de Galípoli (25/04/1915 – 09/01/1916)


A História por vezes se repete. O disputado Estreito de Dardanelos não foi alvo de cobiça apenas dos grandes impérios da antiguidade.
Não foi apenas o local de batalhas pelo amor da mais bela mulher da terra. Ou de projetos expansionistas de imperadores visionários, cujas intenções ainda hoje são alvo de debates.
Muito mais perto de nós está a Primeira Guerra Mundial. Mais uma vez a região torna-se alvo de acirrada batalha, em uma das mais dramáticas disputas territoriais de que já se ouviu falar.



No ano de 1915, as Forças Aliadas (Inglaterra, França, Austrália e Neozelândia) empreendem um ataque à Península de Galípoli, no intuito de capturar a cidade de Istambul, que era a capital do Império Otomano e principalmente, conseguir uma nova rota para Rússia, através do Mar Negro.
No entanto, amargaram um retumbante fracasso em seus ataques navais na baía de Erenkoy, que impingiram aos Aliados centenas de mortos,além de três navios afundados e três seriamente avariados, humilhando a famosa Marinha Britânica. Esta, necessitou capitular e buscar auxilio do exército.
Mas o desembarque anfíbio meticulosamente planejado pelos aliados, também fracassou perante a resistência da 19 Divisão do Exército otomano, liderado pelo general Mustafá Kemal.
Até hoje reverenciado como um grande estrategista, o general garantiu a defesa da Nação após séculos de desintegração a que foi submetido o Império Otomano e estabeleceu as bases para a Guerra de Independência turca e posterior fundação da República da Turquia.

Para quem se interessar pelo assunto, recomendo:
http://historia.abril.com.br/guerra/gallipoli-fiasco-433945.shtml

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dica de viagem: Kismet hotel


O Kismet é um hotel-boutique muito especial. Pequena pérola encravada na cidade de Kusadasi, debruçada sobre o Mar Egeu.
O breve traslado de subida é feito por um carrinho de golfe do próprio hotel. A entrada é muito charmosa, com a fachada recoberta por heras e um pátio de onde se pode observar o sol se pondo no horizonte, em meio a paisagem de barcos aportados e muitas gaivotas.


No verão, as mesas são dispostas ali, para que os hóspedes apreciem o espetáculo de camarote, verdadeiro ponto de encontro de ricos e famosos, bem como reis e rainhas, que pudemos conferir nas fotos meticulosamente dispostas na recepção. (Nada, é claro, que se compare ao prazer de nossa magnífica presença!)
Como chegamos no final da tarde e era inverno, resolvemos tomar uma bebida no bar próximo ao restaurante, decorado com muito cuidado, no estilo inglês com toques orientais: Relógio de carrilhão,sofás chesterfield, muita madeira escura, tapetes artesanais da região , escrivaninha inglesa com abajour estilo inglês, muitos livros de arte e revistas de decoração a disposição dos hóspedes, gaiolas de madeira gigantes, bancos asiáticos...



Os funcionários do hotel pareciam trabalhar lá há bastante tempo e fizeram de tudo para tornar nossa estadia perfeita.
Subindo para os quartos, percebemos que nem todos tinham elevador a disposição, o que talvez seja um problema para alguns hóspedes. Ficamos com pena do maleteiro pois nossa bagagem era imensa e pesadíssima e ele subiucom elas pela escada de madeira.
Os apartamentos eram bastante confortáveis e tinham uma impressionante varanda para o oceano, iluminada por um lampião suspenso. Ficamos por um tempo olhando para a noite do penhasco e nos pareceu muito mais escura e imensa.(Mas o frio logo nos fez entrar e ligar a calefação!)


Descansamos e nos arrumamos para o jantar. O menú era fixo e pré-contratado pela agência de viagem, sem surpresas, mas estava gostoso e pedimos um vinho da região para acompanhar.


Dormimos cedo pois o ritmo da viagem era bastante puxado e exigia que nos levantássemos as seis horas no dia seguinte!
O hotel providenciou um early breakfast para nós e como elogiamos muito a deliciosa geléia de rosas feitas no próprio hotel, o gerente nos ofereceu um vidro enorme, com o doce, para levarmos para casa.
Foram esses pequenos gestos de cortesia e delicadeza que nos encantaram e por isso deixei aqui essa dica. Se forem viajar pela Turquia e puderem escolher os hotéis, ao invés de ir às escuras, incluam o Kismet no pacote, pois é certeza de bom atendimento!

A história por detrás da mitologia

Era uma vez um país distante e muito bem posicionado. Tão distante e diria, estratégicamente bem posicionado, que foi alvo de cobiça por parte de outros reis. De suas bem resguardadas muralhas, os poderosos controlavam todo o tráfico comercial que dependiam de passar por seus estreitos ou aportar em sua magnífica Bahia. Tudo isso era possível, desde que muito bem remunerado. Taxas e impostos altíssimos começaram a ser alvo de insatisfação...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A mitologia por detrás da História

Segundo a mitologia grega, Tétis era uma ninfa marinha, disputada por Posêidon e por Zeus. De tão bela, os deuses estavam prestes a se enfrentar, quando descobriram que a nereida era alvo de uma terrível profecia. De acordo com um oráculo, seu filho superaria o pai em grandiosidade e poder, motivo pelo qual os deuses concordaram, de bom grado, em dá-la em casamento a um homem já idoso. O escolhido foi Peleu, rei da Tessália. Nobre, porém mortal.
Este Peleu é o mesmo herói que participara da viagem dos Argonautas, que ajudara Hércules em sua aventura em Tróia e da caça ao Javali de Cálidon e que agora encontrava-se em idade avançada.
A desaventurada Tétis não desejava casar-se e assumiu diversas formas, de monstruosidades marinhas, porém Peleu não desencorajou-se e intruído por Quíron, segurou-a com firmeza até que ela cedesse a seu destino.
Um grande banquete de casamento foi preparado para celebrar essa conveniente união, no alto do monte Pélion. Todos os deuses do Olimpo foram convidados, menos a deusa da discórdia, Éris, que ofendida, comparece furtivamente e deixa sobre a mesa uma maçã dourada, endereçada à mais bela mulher ali presente. Dessa passagem deriva a famosa expressão “pomo da discórdia”.
Este banquete foi a última ocasião em que os deuses se reuniram com os mortais.
Afrodite, Atena e Hera, a ciumenta esposa de Zeus, disputam o título. Sabiamente, Zeus abstém-se de votar e elege como juiz um simples pastor que passava pelo local.
Esse pastor era na verdade Páris, sendo criado longe de seus pais, soberanos da cidade de Tróia. Ele acata o pleito de Zeus e lança um desafio às três deusas:
Daria o pomo àquela que lhe fizesse a oferta mais tentadora. Atena fez a Páris a oferta da sabedoria, Hera ofereceu poder e riqueza e Afrodite, conhecedora das fraquezas humanas, ofereceu-lhe o amor da mais bela mulher do mundo.
Mal sabia o pobre príncipe que naquele momento estaria selando o destino de seu reino.
Páris deu o pomo de ouro à Afrodite, ganhando sua proteção, enquanto arregimentava a inimizade das outras duas deusas, em uma aliança de amor e ódio que ficará patente quando do envolvimento dos próprios deuses em diversas batalhas na tomada da cidade de Tróia pelos gregos.
Todos conhecemos a parte da lenda em que Páris, anos mais tarde, partiria em missão diplomática para Esparta e apaixona-se pela esposa do rei, Helena, considerada a mulher mais bela que já existira sobre a face da terra.
Tão bela, que por ocasião de seu casamento, foi realizado uma reunião em que todos os reis que a pretendiam desposar juraram acatar a decisão da assembléia e defender a estabilidade dessa união contra qualquer outro pretendente.
Foram esses aliados que auxiliaram Menelau, o rei de Esparta, a lançar ao Mar Egeu uma frota de mil navios, para o resgate de Helena, comandados por Agamenon, irmão do rei ultrajado.
Quanto ao infortúnio de Tétis, que viu nascer de sua união com um velho homem, mortal, uma criança desprovida de qualquer poder, resolve banhá-la recém-nascida no Rio Estige, que de acordo com a mitologia, tornava invulnerável aqueles que adentrassem suas águas.
Assim, a zelosa mãe submergiu seu filho nesse rio, segurando-o apenas pelos calcanhares, para que não se afogasse. A criança se tornaria futuramente o grande guerreiro Aquiles, considerado invencível, mas cujo ponto fraco seria justamente o calcanhar.
Aquiles embarca em uma das naus que parte em socorro do rei Menelau, rumo a Tróia. Com ele diversos grandes guerreiros, tais como Ajax, Diomedes, Ulisses...
Histórias paralelas correspondentes às dúvidas e angústias particulares de nossos heróis estão descritas nas obras de Homero, e guarda particularidades de forte apelo moral.
Ulisses, por exemplo, finge-se de louco para não embarcar, pois sabia através de um oráculo, que ficaria por mais de 20 anos longe de casa. Após participar da vitoriosa empreitada, vaga durante mais dez anos pelo oceano, completamente perdido, cumprindo-se a profecia. Mas ao regressar à sua terra, como mendigo, reencontra sua Penélope, que encarna os ideais da virtude feminina de fidelidade e castidade, à sua espera. Através de um estratagema por ela inventado para afastar os pretendentes, fiava de dia o enxoval do casamento, que desfazia à noite. Daí uma outra expressão popular: “trabalho de Penélope”.
Aquiles também não queria participar da guerra, mas Tétis o convence profetizando que ele teria o direito de escolher sua morte: desfrutar de uma vida longa em sua terra natal, sendo logo esquecido por seus conterrâneos ou morrer ainda jovem, porém coberto de glórias em Tróia. Aquiles escolhe a glória.
O cerco às muralhas de Tróia, consideradas intransponíveis, durou cerca de dez anos e como sabemos,a vitória foi alcançada pelos gregos por meio do inventivo Cavalo de Tróia.
Ulisses bolou o artifício de bater em retirada com seus navios, deixando um verdadeiro “presente de grego” aos troianos: o imenso cavalo de madeira,largado na praia, como reconhecimento de sua incondicional rendição. Quem sabe, um presente dos deuses...
Inserido no interior das muralhas, o cavalo definiu os rumos da guerra. Enquanto todos dormiam, os soldados gregos saíram do interior do monumento e incendiaram a cidade.
Todos os homens foram mortos, as mulheres escravizadas, inclusive a rainha e as princesas. Aquiles foi morto em batalha, coberto de glória, com uma flechada no tornozelo, cumprindo-se a profecia de sua mãe.
Um dos poucos sobreviventes de guerra foi Enéas, que conseguiu deixar a cidade incendiada por uma passagem secreta, levando nos ombros seu idoso pai e um pequeno grupo, além da espada de Príamo, com a qual veio a fundar anos depois, no território Lácio, os primórdios daquilo que seria a cidade de Roma.

As diversas cidades de Tróia


Para os amantes de arqueologia, publico esse segundo texto, fruto de uma pesquisa cuja fonte revelo abaixo. Trata-se de uma complementação do anterior, apenas mais detalhado.
Eu, particularmente adorei saber que a cidade renasceu das cinzas por diversas vezes, vítima de incêndios e terremotos, sempre tendo a capacidade de se reinventar...

Tróia I é o estrato mais antigo, datado de 3000 a .C, ou seja, da primeira fase da Idade do Bronze. Trata-se de um pequena fortificacão de cerca de 50 metros.

Tróia II, outra pequena fortificação com cerca de 100 metros de extensão, continha um castelo simples, porém repleto de tesouros, dentre os quais aqueles que Schliemann atribuiu a Príamo. Esta Tróia foi destruída por um incêndio por volta do ano 2.300 a.C.

Tróia III,IV e V, datam do final da Era do Bronze, ou seja, de 2.300 a 1900 a.C. e foram cidades que tiveram sua parcela de importância na história local.

Tróia VI, surgiu por volta ado ano de 1725, e apesar de sua riqueza e importância, não durou muito,sendo destruída por um terremoto poucos anos após a sua fundação.

Tróia VII é a Tróia épica, onde se discute, ainda hoje, a veracidade dos relatos de Homero. É a legendária Tróia de Príamo, cuja existência foi comprovada.

Tróia VIII, construída sobre as ruínas anteriores, é a Tróia dos Gregos, da antiguidade clássica.

Tróia IX, pertence ao período helenístico, ou seja, é romana. Conquistada por Alexandre, que em seu território oferece um sacrifício ao guerreiro Aquiles, de quem julgava-se descendente.

FONTE DE PESQUISA:
Anais do 6 Encontro Celsul – Círculo de Estudos Linguisticos do Sul
Mito, Discurso e Narrativa Clássica
Autor: Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara (FURG)
http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Individuais/105.pdf

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Em busca do tesouro de Príamo

Tróia é o nome atual de uma localidade próxima a província turca de Çanakkale, na Anatólia. Os visitantes que chegam à cidade, imaginando encontrar a mitológica cidade, acabam por decepcionar-se um pouco, uma vez que na verdade, exceto talvez, pelo cavalo de madeira erguido para contentar os turistas, muito pouco nos recorde a saga descrita por Homero e diversas vezes retratadas no cinema.


No local o que se vê é um sítio arqueológico, dividido em diferentes níveis de escavação.


Como a arqueologia é uma das áreas de meu interesse, adorei o passeio e tirei várias fotos.

No ano de 1870, um arqueólogo denominado Heinrich Schliemann, encantado com as passagens da Ilíada, resolveu empreender uma viagem a Turquia com o propósito de encontrar a cidade perdida de Tróia, conforme os relatos de Homero. Na realidade, seu maior interesse era encontrar o tesouro do rei Príamo e com esse objetivo, empreendeu uma imensa escavação. A arqueologia ainda estava, naqueles tempos, despertando como ciência, e a forma desordenada com que o sítio foi escavado, acabou por perder inúmeros vestígios que hoje não podem mais ser recuperados. Suas aventuras renderam uma obras literária que relata suas façanhas no monte Hissarlik: Ítaca, o Peloponeso e Tróia.
Esta foto eu tirei do local onde Schliemann escavou, inicialmente, de forma inadequada:


Esta outra mostra os diversos estratos arqueológicos que correspondem aos níveis de solo de diversas troias. A tróia que buscamos é denominada de Tróia VII. Mas há também vestígiosa dos hititas, dos romanos...

Abaixo, vestígios da época romana (último estrato):


Schliemann encontrou seu desejado tesouro de 4.500 anos. Ao invés de expô-lo nos museus da Berlim,resolveu presentear sua esposa, com as jóias que talvez tenham pertencido à bela Helena. Esse maravilhoso tesouro era composto também de estátuas, obras de arte,urnas de ouro, bronze e prata, ânforas e armas.
Este foi o local aproximado de onde o tesouro foi desenterrado:



Modernos arqueólogos,no entanto, demonstraram que esta rampa era o local que dava acesso à cidade murada de Tróia. Ou seja, se o tesouro estava do lado de fora das muralhas, muito provavelmente não pertencia a Príamo. Com a técnica do C14, datam esses achados a uma época muito anterior aos relatos da Ilíada. O tesouro, torna-se, portanto, muito mais valioso, pois retrata as riquezas de uma antiguidade dos povos da Anatólia.
Resta dizer que esse tesouro foi roubado. No ano de 1945, quando houve a invasão soviética à Alemanha nazista, os soldados encontraram novamente o precioso tesouro, no subsolo de um jardim zoológico de Berlim e secretamente o empacotaram e enviaram para Moscou, onde ficou escondido até o final da guerra fria, buscando evitar pedidos de repatriação .
O museu Pushkin, atualmente tem uma ala inteiramente reformada onde expõe o Ouro de Tróia, apesar da reivindicação do tesouro por parte dos alemães, dos gregos e dos turcos.

Ilíada



Durante algum tempo, os historiadores duvidaram da existência da cidade de Tróia, acreditando tratar-se de uma cidade mitológica, a exemplo de Atlântida, nascida da imaginação dos antigos povos da região.
Anos mais tarde, escavações arqueológicas demonstraram a veracidade de muitos dos relatos contidos na Ilíada, inclusive utilizando-a como instrumento de pesquisa, devido a minuciosos relatos da posição geográfica da cidade de Ílion, de onde se aportuguesou o nome da obra para Íliada.



Quando Homero escreveu sua famosa obra épica, no século VIII a. C. , foi influenciado por manuscritos da biblioteca de Alexandria, que por sua vez foram compilados de uma vasta tradição oral.
Mas também essa autoria é alvo de dúvidas. Alguns estudiosos trabalham com a hipótese de que o autor nunca existiu e tanto a Ilíada quanto sua outra obra igualmente famosa, a Odisséia, sejam frutos de cantadores aedos ,músicos que buscavam perpassar poemas heróicos através da tradição oral, e acabaram vertidos diretamente para a forma escrita, na cidade de Atenas, antes do século VIII a. C.
Nesta obra, o autor relata em 24 cantos e 15.693 versos exatos, a guerra entre os gregos e os troianos, após o rapto de Helena, esposa de um rei espartano, Menelau, por um príncipe troiano, Paris.
Cabe a Agamenon, irmão do rei ultrajado, comandar os combates. A obra transpira paixões, é uma obra épica movida pelos sentimentos, tanto dos dois monarcas, quanto de seus combatentes.
As paixões de Aquiles aqui são expostas de forma muito crua em vários momentos: a perda de escrava Briseida para Agamenon, desperta sua revolta e o impede de combater, em seguida, a perda do companheiro Pátroclo, o torna vulnerável perante tanta dor, em seguida, a fúria que o leva a enfrentar Heitor e matando-o arrasta seu corpo para o acampamento. Em seguida, movido pela compaixão, em um dos relatos mais tocantes de toda a obra, devolve ao pai de seu inimigo o corpo do filho morto.
No original, a linguagem utilizada não era o grego e sim um compilado de diversos dialetos, entre eles o Jônico e o eólico, demonstrando a diversidade lingüística da região no referido século.
É considerada uma das mais importantes da humanidade menos pelos relatos de guerra, em que muitos deuses do Olimpo tem sua participação e interferem ativamente em seus desfechos, do que pelos relatos que faz do cotidiano dos gregos antigos, sua cultura, suas crenças, e modo de vida em geral.
Esta obra influenciou diversos escritores do período clássico e utilizado como objeto de estudo nos currículos escolares básicos da antiga Grécia e posteriormente no Império Romano.

Fonte de pesquisa: http://www.infoescola.com/literatura/iliada/
Anotações pessoais de relatos de viagens.

Atravessando o Estreito de Dardanelos

Além do Estreito de Bósforo, este outro Estreito também separa a Europa da Ásia. A parte européia é denominada Trácia, enquanto a asiática chama-se Anatólia.



Por este estreito, que liga o Mar de Mármara ao Mar Egeu, passaram diversos personagens históricos, generais famosos, heróis mitológicos.
Enquanto atravessávamos o estreito em um ferry boat, rumo a mítica cidade, eu e minha mãe imaginávamos o mar repleto de navios, prestes a aportar na margem vizinha.



Os mil navios gregos que buscaram resgatar a bela Helena, supostamente raptada pelo príncipe Paris, aportaram bem aqui, para tentar invadir a cidade de Tróia.



Imaginamos o Rei Príamo, do interior das muralhas, observando o horizonte completamente tomado pela esquadra grega.
Nessa tarde, de um céu azul sem nuvens e repleto de gaivotas, refazíamos os passos dos grandes.
Alexandre, que dentre eles foi o que melhor mereceu a alcunha, passou por este estreito com seu vitorioso exército, em suas campanhas expansionistas no mundo antigo. Também passaram inúmeros reis persas , tais como Dário, Xerxes e Ciro, no mesmo propósito.
Mapa tirado do google images e fotos minhas, muito minhas. Agora, nossas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

São Jorge da Capadócia



Nascido na Capadócia, no ano de 275, Jorge foi Capitão do Império Romano, na época do Imperador Diocleciano. Sua história ficou conhecida, através de leituras de documentos apócrifos e baseia-se, em grande parte em lendas , que longe de serem confirmadas, ganharam força no imaginário popular da Idade Média, em que Jorge representava as virtudes de um verdadeiro cavaleiro cristão.
Conta a lenda que esse soldado romano foi enviado pelo rei da Líbia para resgatar sua filha, que havia sido raptada por um dragão e sob a promessa de que o rei tornaria a religião católica oficial. A imagem de Jorge montado em seu cavalo branco, trespassando o monstro ou a serpente com sua lança é a que chegou daquela época aos nossos dias. Perseguido pelos romanos, confessa sua conversão à fé católica e não abjura nem sob tortura, morrendo na Palestina, no dia 23 de Abril.
Em tempos difíceis para os primeiros cristãos, compreende-se o motivo pelo qual tornou-se mártir religioso, principalmente na parte oriental do Império Romano, futuro Império Bizantino.
Sua lenda seguiu de boca em boca, e afrescos foram pintados no interior dos refúgios subterrâneos de sua terra natal, como mostrei no meu último texto aqui no blog.
A exemplo do que ocorreu no Brasil, séculos mais tarde, quando os escravos negros obrigados a abraçar a fé católica, disfarçaram seus orixás com roupagens santas, nos primeiros anos do cristianismo romano, o mesmo ocorre. Jorge encarna-se em Ares e Marte, Deuses pagãos gregos e romanos que portam armaduras e estão relacionados à guerra.
Foi só no século VII, que sua lenda chegou à Europa, dizem que levada por um bispo que em uma peregrinação ao Oriente Médio, tomou contato com a história de São Jorge e acabou por relatá-la a outros religiosos, que incluíram seus feitos em dois livros que tornaram-se muito populares na Idade Média.
Jorge passou a encarnar as verdadeiras qualidades esperadas de um cavaleiro medieval: honra, coragem, desprendimento e adoração a fé cristã. Sua fama espalhou-se rapidamente por toda a Europa e em especial a Inglaterra, onde cavaleiros cruzados voltavam de suas empreitadas afirmando terem encontrado-se com Jorge, vestido em sua armadura romana e montado em um cavalo branco, auxiliando-os em pleno combate contra os hereges.
Empresta sua figura heróica a novas construções de mitos, tornando-se patrono de Portugal, de algumas cidades italianas,além da própria Inglaterra, até cair em desgraça com o advento do fim da cavalaria.
Com as reformas religiosas em curso, o culto a São Jorge acaba sendo renegado pela própria Igreja católica.
Hoje Jorge não é mais Santo do catolicismo, como muitos imaginam, mas permanece venerado nas camadas populares, tanto por católicos quanto por umbandistas, que o associam a Ogum, orixá que lidera caboclos, pretos-velhos e soldados romanos, além de ser o santo protetor do exército brasileiro e dos escoteiros mirins.

SALVE JORGE!

Ogum Música de Zeca Pagodinho e Jorge Benjor



Eu acredito que o amor de Deus pela humanidade contemple todas as religiões e abrace todas as crenças de bem.
Não devemos nos deixar levar pelo preconceito acerca daquilo que não entendemos ou não aceitamos como verdade. O preconceito nasce da ignorância. Cada um de nós segue sua vida acreditando naquilo que lhe conforta, naquilo que lhe foi ensinado no seio familiar.
Todas as religiões levam a Deus, pois não existe um único caminho. Deus tem muitos nomes, conforme nos ensina o islamismo. Os ensinamentos de Deus ensinam a tolerancia e o amor ao próximo.
O meu é Jesus, e creio que todos os outros nomes sejam reflexos do Seu.
Busco seguir os ensinamentos do catolicismo em minhas práticas diárias, embora na maioria das vezes, não seja nada fácil.
Mas há muitos anos sou devota de São Jorge. Estou vestida e armada com suas armas e dou meu testemunho de que todos aqueles que desejaram de alguma forma me fazer mal ou à minha família amargaram retumbante derrota pessoal.
Salve Jorge!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Museu a Céu Aberto de Goreme


Considerado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco,o Museu a Céu Aberto guarda tesouros da época dos primeiros cristãos, que aqui se refugiaram para sobreviver às perseguições por parte do império romano.
Por muito tempo centro da vida monástica, abrigou diversas Igrejas escavadas nas pedras, construídas entre os séculos 7 e 13, que continuam, muitas delas, abertas a visitas, revelando seu interior coberto de afrescos bizantinos. E são tantas que costuma-se dizer que poderíamos visitar uma a cada dia do ano, e ainda assim não as esgotaríamos.
Algumas estão em melhor estado de conservação do que outras, e em algumas, os afrescos se repetem, compreensível, se julgarmos pelo valor educacional que representaram,já que as imagens facilitavam a compreensão dos ensinamentos do evangelho de Cristo.

Igreja de Elmali:
Foi a primeira que visitei, sendo também conhecida como a Igreja da Maçã, devido a seu formato. Datada do século 11, tem em seu domo um afresco de Cristo Pantocrator, muito comum nas representações durante o Império Bizantino.

A maioria das fotos é de minha autoria, exceto as de Karanlik e Ylanli que infelizmente não saíram muito boas e por isso preferi ilustrar com ajuda do google Images, por serem, realmente, imperdíveis!



Seu interior, em formato de cruz, é pintado de amarelo ocre, com representações de cenas da vida de Cristo, onde destaca-se uma bela imagem da Santa Ceia,e em seu teto, azulado, também podemos observar imagens de mártires e bispos católicos.
Algumas partes dos afrescos sofreram a deterioração do tempo e revela uma camada de tinta vermelha. Essa cor faz referência a época Iconoclasta, em que as imagens não eram permitidas.

A Igreja de Çarikli,;
Subindo uma pequena escadaria, ascendemos a esta Igreja, que contém afrescos de diversas passagens da vida de Cristo, desde seu nascimento, até a assunção. Também vemos aqui representados, os quatro evangelistas: Mateus, João, Marcos e Lucas.
No piso, vemos marcas dos sapatos Çarik, eternizados. Não tenho as fotos das pegadas, embora me recorde delas, por ter achado esquisito. Mas posso me redimir dividindo uma foto daquilo que vi lá dentro;




Igreja de Santa Catarina:
Vários nichos, nas paredes, sugerindo o local onde foram sepultados os monges. Nela também podemos observar representaçòes de São Basílio, Santa Catarina, São Teodoro e finalmente, São Jorge.

Igreja Karanlik:
Devido a praticamente nenhuma penetração de luz em seu interior, esta ficou conhecida como Igreja Escura, e talvez devido a isso, seus afrescos são aqueles que hoje melhor se encontram preservados.



Igreja de Yilanli:
Yilanli quer dizer cobra, e faz referencia ao afresco em que São Jorge, a enfrenta com bravura. Datada também do século 11, tem um formato peculiar, alongado. Foi uma cripta funerária. Tambem temos aqui representados o Imperador Constantino e sua mãe, Helena.


Igreja de Santa Barbara:
Cristo,sentado em um trono, domina os afrescos desta, além do reverenciado São Jorge da Capadócia, que em seu cavalo, enfrenta o dragão.

Igreja de São Basílio,:
Na entrada, pequenos nichos representam os túmulos que eram usados na ocasião, além de representações de Cristo e os pioneiros evangelizadores, São Basilio e São Teodoro.

Mosteiro de Kizlar
Um emaranhado de túneis, escadas, alojamentos, refeitório corredores, restos de um antigo convento, que abrigou inúmeras freiras.
Para subir em seu andar superior, cujas pinturas na paredes estão praticamente intactas, paga-se uma entrada a parte, que vale muito a pena, muito embora, como eu disse, os afrescos se repitam um pouco.