quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Era dos Impérios- Capítulo Dois

UMA ECONOMIA MUDANDO DE MARCHA

Neste capítulo, Hobsbawn traça um panorama da economia mundial, bem como de seus aspectos políticos e sociais indissociáveis, da era que ficou conhecida como a “Belle Èpoque”.
Discute a depressão da economia mundial ocorrida no ano de 1889, contrapondo-se a essa idéia, demonstrando que neste período a produção de ferro duplicou, a de aço, tida como um indicador do conjunto de industrialização, multiplicou-se por 20 e houve um incremento considerável nas taxas de comercio internacional.
Com relação à América Latina, coloca que foi justamente nesta fase que os investimentos estrangeiros atingiram níveis assombrosos, além do aumento do numero de imigrantes.
No entanto, disserta a respeito d a opinião de historiadores que seguem a linha socialista que, de uma maneira geral, aguardavam um a invasão de imigrantes que ameaçariam a continuidade da civilização, apostando no colapso do capitalismo. Além da visão dos economistas e empresários que temiam a prolongada depressão de preços, juros e conseqüentes lucros.
A agricultura foi o setor que mais sofreu nas décadas de depressão, uma vez que a produção, que havia aumentado nas décadas anteriores, acabou por inundar o mercado mundial de excedentes.
A forma encontrada para a defesa da economia foi a formação de cooperativas, que rapidamente se multiplicaram em diversos países, bem como a emigração, considerada uma válvula de escape para minorar as pressões sociais, que poderiam acabar em rebeliões.
Com relação ao setor empresarial, a inflação foi favorável, pois aumentou a taxa de lucros e consequentemente , o número de concorrentes. O mercado de massa começou a desenvolver-se, embora muito mais vagarosamente do que o crescimento do número de novos produtos industriais.
Outra dificuldade encontrada foi a contraposição dos preços instáveis com as altas e baixas ditadas pelo mercado e os custos de produção estáveis, entre eles os investimentos com os equipamentos e o pagamento de salários.
A medida tomada em relação a depressão dos preços, lucros e taxas de juros, foi a prática do bimetalismo, ou seja, basear o sistema mundial de pagamentos tanto no ouro como na prata, abundante nas Américas, já que o ouro encontrava-se cada vez mais escasso. Tal prática, não era vista com bom olhos pelos grandes banqueiros, empresários e governos de países centrais do capitalismo.
Além disso, a política do protecionismo começou a ser praticada por governos que cederam aos apelos de grupos influentes, que buscavam proteger seus produtos nacionais, da concorrência dos estrangeiros. Também esta prática foi de encontro aos interesses óbvios da Grã-Bretanha, cuja economia era majoritariamente orientada para a exportação de produtos industrializados, além de serviços financeiros e de transporte.
Durante seu processo de industrialização, a Inglaterra relegou ao segundo plano sua agricultura, tendo se tornado um dos principais mercados consumidores de produtos primários e agrícolas. Este foi o ponto crucial, em que o autor coloca que a base do poderio econômico britânico se fez através da simbiose com a parcela “subdesenvolvida”do mundo.


Assim, a industrialização e a Depressão transformaram-se em grupos de interesse conflitantes, de tal forma que a concorrência deixou de existir apenas entre as empresas e estendeu-se às nações.
No decorrer do século XIX, as mais remotas regiões do planeta foram se transformando, na medida em que as práticas do capitalismo não reconheciam fronteiras e a política do liberalismo econômico era prontamente apoiada pela Inglaterra.
Com relação às práticas protecionistas, o autor credita sua existência à uma situação de concorrência econômica internacional.
Hobsbawn analisa seu impacto nos diversos setores, chegando à conclusão de que o protecionismo não comprometeu seriamente o crescimento, ao contrario, incentivou diversas indústrias nacionais a produzir para seus mercados internos e ajudou, ainda, a ampliar a base industrial do mundo.
Em seguida, ele relata as tentativas de ampliar as margens de lucro, através da formação de trustes e cartéis, além das fomas de “administração científica”que iam surgindo, uma vez que os tradicionais métodos de administração foram considerados empíricos e ultrapassados.
O “Taylorismo”propunha maximizar o potencial de trabalho dos operários através do isolamento do trabalhador de seu grupo, transferindo o controle do processo para os agentes da administração, além de uma divisão sistemática de cada processo em unidades cronometradas, sem mencionar os sistemas variáveis para o pagamento do salário, baseado no percentual de produção individual.
O surgimento do imperialismo foi outra saída plausível para os problemas empresariais. Tanto a pressão do capital à procura de investimentos lucrativos, quanto a produção crescente à procura de mercados, incentivaram as políticas expansionistas. Incentivaram o neo-colonialismo.
No ano de 1990, surpreendentemente, apenas um ano depois da Grande Depressão, a economia mundial foi assolada por um “boom” econômico, que teve como pano de fundo justamente a “Belle Èpoque”, como ficou conhecido o período que durou até a primeira Grande Guerra.
Alguns economistas buscam justificar este fenômeno com a descoberta de reservas de ouro na África do Sul e no Canadá. Outros, especularam sobre a existência de “ondas largas”, na qual o capitalismo flutuaria, de tempos em tempos.
De qualquer forma, as previsões marxistas a respeito da impermanência do capitalismo precisaram ser revistas.
Mas mais importante do que as justificativas, são as conseqüências deste período de euforia econômica: a redistribuição do poder econômico mundial, com o relativo declínio britânico e emergência dos EUA e Alemanha no cenário mundial.
A rivalidade entre os Estados foi uma característica marcante dessa época, bem como as relações experimentadas entre as parcelas desenvolvidas e subdesenvolvidas do planeta.
Mas a situação da Inglaterra permaneceu inalterada enquanto centro de operações das transações comerciais internacionais, exportando como nunca seus produtos industrializados para o mundo, enquanto importava produtos primários das nações subdesenvolvidas, estabelecendo, sob certa ótica, um meio de “equilíbrio global”.
Seu relativo declínio industrial serviu, portanto, para reforçar ainda mais seu poderio econômico.
Outras características da economia mundial do período foram: a revolução tecnológica, o domínio das indústrias produtoras de bens de consumo pelo mercado de massa, o crescimento acentuado do setor terciário da economia (trabalhadores de lojas e escritórios) e o avanço do coletivismo em detrimento da iniciativa individual.
Com relação a esta última característica, o aumento do papel do governo no setor público, acabou por causar um retraimento da economia de livre concorrência, gerar políticas de reformas voltadas para o bem estar social e ainda favoreceu o crescimento da indústria bélica.
Os anos de 1875 a 1914 foram um tempo de crescimento e transformação para a parcela “desenvolvida”do mundo. Muito embora a miséria rondasse a maioria dos trabalhadores, que tinham na abundancia de oferta de trabalho apenas um paliativo para suas dificuldades, as classes médias perceberam o período como uma época dourada, principalmente após os difíceis anos de pós-guerra.

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