sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Rapto da Proserpina

Esculpida entre 1621 e 1622, a obra chama atenção pelo seu tamanho, destacando-se das demais, no centro de uma das salas.



Aproximando-nos, temos a impressão de que não é possível que seja feita de mármore, uma vez que as impressões táteis dos personagens saltam aos olhos. A carne de Proserpina é marcada pelos dedos de Plutão, na tentativa do rapto. Parece macia.


Plutão, figura rude e embrutecida, usa em sua cabeça a coroa de rei do mundo subterrâneo e tem seu rosto empurrado, com força, pela jovem, que se debate.


Suas forcas se contrapõem, dirigindo-se a lados opostos. Seus corpos, seminus, formam dois semi círculos. Aos pés, o cetro de duas pontas. Cérbero, o Cão de três cabeças, que nas obras de Dante Aligheri olha em três direções diferentes, guarda as portas do inferno e funciona como suporte para o grupo.

Bernini retrata a estória contada por Ovídio, em Metamorfoses:
Enquanto Proserpina colhia flores com suas damas de companhia em um bosque, Plutão, rei do submundo, observando sua beleza, fica encantado e resolve raptá-la. Este é o momento retratado pela escultura: Proserpina luta para livrar-se de seu raptor, chora, enquanto pede ajuda às suas amigas e socorro à sua mãe.
Ceres desce aos infernos para buscar sua filha, e acaba por fazer um acordo com Plutão: concorda em permitir que ele fique com sua filha durante seis meses do ano, conquanto que nos outros seis, Proserpina pudesse passar com ela na terra.
Essa lenda representa um mito antiqüíssimo, associado ao círculo da vida, da fertilidade, da mãe terra, das estações do ano.
Quando Proserpina retorna à superfície, a natureza desperta, coberta de flores e frutos. É primavera e verão. Mas as estações são efêmeras, e o escultor faz alusão ao mito da ressurreição, conectando-o ao de Proserpina.
Ao descer ao submundo, a terra volta adormecer, entra o outono e o inverno.
Na mitologia grega, Plutão era Hades e Proserpina, Perséfone.

Observações sobre a obra:
Na base da escultura, versos latinos que parecem ter sido ditos por Proserpina, alertando a respeito da efemeridade das flores da terra.
De acordo com os críticos, Bernini tirou sua inspiração de uma estatueta de Pietro da Barga, sobre o mesmo tema. Há quem diga que foi realmente um plágio...

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