quarta-feira, 13 de julho de 2011

A carta de Pero Vaz de Caminha (Carta a el-rei D. Manuel)



O primeiro registro histórico do Brasil foi feito pelo escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, no intento de comunicar-lhe a chegada à nossas terras e mandar notícias à corte portuguesa das maravilhas que presenciava em terras tupiniquins.
Ufanista, cheia de ilustrações idílicas, a carta traçava a verdadeira visão do paraíso para as mentes de além-mar. Conveniente, dado que naquele momento histórico colonizar essas terras eram uma preocupação de Portugal, na figura do rei D. Manuel.

Este valioso documento, datado de primeiro de Maio de 1500, foi levado a Lisboa pelo comandante de um dos navios da frota, Dom Gaspar de Lemos e perdeu-se no tempo, até ser redescoberta no ano de 1773, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, na mesma cidade, sendo publicada em 1817 no Brasil pelo Padre Manuel Aires de Casal. Desfrutemos de alguns trechos:

"Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si. E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. "


"Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. "
A carta é breve e vale muito a pena ser lida na íntegra. Para quem se interessar, leia aqui:

http://www.superdownloads.com.br/download/185/livro-carta-de-pero-vaz-de-caminha/

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